segunda-feira, setembro 04, 2006

Da Natureza - Parménides

[...]Vamos, vou dizer-te - e tu escuta e fixa o relato que ouviste -
quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar:
um que é, que não é para não ser,
é caminho de confiança ( pois acompanha a verdade);
o outro que não é, que tem de não ser´,
esse te indico ser caminho em tudo ignoto,
pois não poderás conhecer o não ser, não é possivel,
nem mostrá-lo [...]

[...] Nota também como, o que está longe, pela mente se torna
[firmemente presente:
pois não separarás o ser da sua continuidade com o ser,
nem dispersando-o por toda a parte segundo a ordem do mundo, nem reunindo-o

É necessário que o ser, o dizer e o pensar sejam; pois podem ser,
enquanto o nada não é: nisto te indico que reflictas.
Desta primeira via de investigação te afasto,
e logo também daquela em que os mortais, que nada sabem,
vagueiam, com duas cabeças: pois a incapacidade
lhes guia no peito a mente errante; e são levados,
surdos ao mesmo tempo que cegos, aturdidos, multidão indecisa,
que acredita que o ser e o não ser são o mesmo
e o não mesmo, para quem é regressivo o caminho de todas as coisas.[...]

[...] Quando a mulher e o homem juntos misturam as sementes de Vénus,
a força que se forma nas veias a partir de sangues diversos,
mantendo o equilibrio, gera corpos bem formados.
Se, contudo, misturados os sémenes , as forças se opõem,
e não fazem unidade, misturados no corpo, cruéis,
atormentam o sexo da criança com o duplo sémen.
Assim, segundo a opinião, as coisas nasceram e agora são
e depois crescerão e hão-de ter fim.
A essas coisas os homens puseram um nome que a cada um distingue.[...]