domingo, janeiro 23, 2005

No title

" Era Verão e as ferias tinham começado há uma semana. Como sempre, estava na Nazaré, na casa da minha avó. Este ano ia ser diferente. Tinha feito 17 anos há poucos dias e finalmente ia poder sair á noite com as minhas primas e os amigos.
Na praia faziamos as parvoices do costume: jogar raquetes, piscar os olhos aos rapazes, contar anedotas, comer gelados. O Paulo era mesmo muito giro. Tinha 19 anos e olhos verdes. Sei lá porquê foi a mim que ele escolheu e eu ia morrendo derretida quando ele me perguntou " Queres namorar comigo?" , como nos filmes antigos e nas novelas . Não era so uma paixão de verão. O Paulo dizia isso todos os dias e quando as férias acabaram e cada um voltou para sua casa, escreviamos, telefonávamos e fim de semana sim, fim de semana não, viajavamos 60 km para nos encontrarmos.
Eu era virgem.Ao fim de quatro meses de namoro já tinhamos "avançado" tanto que resolvi tomar a pilula. Claro que sabiamos que nao podiamos ter um bébé.!
Fizemos amor três vezes. Começaram os exames, o Paulo tinha muito que estudar, cada ez tinhamos menos contacto.
Comecei a entir-me estranha : tinha nauseas, um pouco e febre, estava sempre indisposta.
Fui ao médico, fiz um teste para saber se estava grávida . Não, nao estava. O Paulo telefonou. Tinhamos que falar. Ele tinha feito as pazes com a ex-namorada, era uma história complicada, tinham namorado dois anos, terminaram, andaram com outras pessoas, voltaram,blá blá blá... O Verão acabou definitivamente. E não houve Outono. A transição foi de 40 graus à sombra, aí para uns dez negativos.
Pensava que todo este desconforto fisico que sentia tinha a ver com a devastação emocional provocada pela perda.
As minhas amigas diziam-me que já nao se morre por amor.
Não é verdade. Tenho 32 anos e estou a morrer.
De Sida ou de amor, agora já tanto faz!"

1 comentário:

Martinha disse...

Forte. Verdadeiro. Triste. Eu acredito que ainda há quem morra " de amor"... Todos os dias...

beijinho grande Fifax