domingo, outubro 29, 2006

R.I.P Baby - 1985-2006

A morte é sempre fodida, mas normalmente quando ouvimos falar em pessoas que morreram, seja por que razao for, quer queiramos quer nao, passa-nos quase sempre ao lado.
A mim tambem acontecia o mesmo. " Morreu nao sei quem num acidente nao sei onde".
Epah, que chatice.. Olha é a vida.
Lidei contigo desde o setimo ao decimo ano. Foram quatro anos, diariamente a conviver contigo, a brincar...
Eras uma pessoa muito querida.. Com um feitio dificil, mas nos conseguiamos dar a volta e sabiamos como.
Eras brincalhona, muito sincera, doesse a quem doesse, e teimosa até mais nao.
Mas todas naquele grupo tinhamos cada uma a sua particularidade.
Nao posso dizer que a empatia foi logo a primeira vista, porque eramos crianças e nao nos demos logo. Mas chamou me a atençao o facto de tambem te chamares Carla e aproximei-me.
Foram anos bastante divertidos com voces.
Entretanto chumbei e separamo-nos. Cada um seguiu a sua vida e nunca mais ouvi falar de ti.
Até ontem.
" Olha sabes aquela tua colega a quem o pai morreu há tres anos?"
" Ya, a Carla."
" Olha teve um acidente, ta em coma.. partiu as pernas todas e entrou em coma no hospital."
Choque imediato. O "simples" facto de estares em coma ja era bastante mau. Estranho, quase como uma nao aceitação de que algo assim poderia acontecer a alguem proximo e conhecido. Alguem com quem eu lidara.
Mas a verdade é que aconteceu. Partiste as pernas, ficaste com uma rotula desfeita e pedaços dos ossos foram para o sangue. Tiveste uma embolia pulmonar e um derrame cerebral. Como se nao basta-se teres ido para debaixo de uma camiao e tares toda partida ainda faltava isto.
Para tentarem estabilizar-te induziram-te o coma. Quando tentaram acordar-te nao conseguiram. Nao acordaste.
Ainda assim havia esperança, operaram-te hoje durante a tarde e disseram que amanha ja poderias receber visitas.
22h30:
" Olha, a Carla morreu hoje à tarde."
Assim, de repente. Acabou.
Porra, tinhas 21 anos! Ninguem morre com 21 anos. Ninguem devia morrer com 21 anos.
A mesma sensação de estranheza, de não aceitação.
Eras um boa pessoa. Sei que toda a gente diz bem das pessoas quando elas morrem, mas é mesmo verdade. Eras uma optima pessoa.
Enquanto estou a escrever isto e a escrever que tu morreste, ainda me custa a acreditar.
As coisas nao deviam ser assim. O teu pai morreu há tres anos e agora tu. Precisamente da mesma maneira.
Gostei de te conhecer. Não serás esquecida.
Descansa em Paz, Baby.
R.I.P Carla
1985-2006

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