quinta-feira, novembro 02, 2006

Eram três e meia quando cheguei a Molelos. O largo à volta da Igreja já estava cheio. De colegas teus da faculdade, de pessoas conhecidas, de amigos da secundária.
Toca o sino, anunciando a tua chegada. Á frente vê-se a primeiro a cruz, depois o padre e depois "chegas" finalmente tu.
Apesar de ali estar, continuo sem aceitar e sem acreditar. É como se estivesse num sitio distante, a olhar para mim, ali especada a ver chegar o caixão.
Entro para a igreja e sento-me num dos bancos da frente. A igreja começa a encher.
Não tens noção da quantidade de gente que te veio prestar uma última homenagem.
A igreja tá cheia, assim como todo o largo à volta dela.
A missa começa. Vejo a Filipa e vou ter com ela. Toda ela treme. Eu consigo aguentar.
É então que começa o padre a falar.
A dizer que te foste. Que embora seja dificil compreender, é assim a "Lei de Deus".
Quem gosta de cá andar vai-se, quem nao gosta fica.
Tretas! Nao consigo ouvir uma unica palavra sei que sinta uma raiva enorme.
Um dos teus professores do Piaget, aproxima-se para dizer umas palavras.
Fala da tua doçura, da tua calma.
A injustiça de ser tirada a vida a uma rapariga tão nova, com tantos sonhos.
Ele quer que demos continuidade aos teus sonhos. O teu maior sonho era casar e ter filhos.
Quer que cada um de nós se reveja em ti, e que acção nossa tenha um pouco de ti.
Eu não aguento.
Acaba a missa, depois de mais um quantidade incrivel de barbaridades, e de eternidade, e de refeições na mesa do Senhor.
Sai o caixão, e tudo segue em direcção ao cemitério.
Não consigo olhar para a Filipa, nem para ninguem. Continuo a caminhar, como se nem sequer mandasse no meu proprio corpo. Ele segue todos os outros quase por si próprio.
Chegámos ao cemiterio. Lançam pombas brancas e baixam o caixão.
Começam a deitar terra para cima.
Só aí é que me apercebo finalmente que não voltas.
Apercebo-me mas continuo sem perceber. Acho que nunca irei consegui-lo.
Já sinto a tua falta.

3 comentários:

Martinha disse...

as palavras soam sempre a nada nestas alturas. mas as tuas custam a ler, por toda a verdade que encerram...

sei o que se sente numa altura assim.

e por isso, fica aqui um abraço grande para ti. e um beijinho grande ! *

Anónimo disse...

oi carlinha...hard time hu? acredita que sei exactamente o q sentes e tb sei k isto não serve de consolação...acho q quase nada serve de consolação nestes momentos mas quero q saibas q qq coisa I'm here!
beijinhos grandes,
tati

Anónimo disse...

interessante este blog

continuaçao de bom trabalho

vou ficar atento

molelos-tondela.blogspot.com